No Malawi, Theresa Kachindamoto ajuda a salvar meninas de casamentos forçados, uma infeliz realidade em seu país.
Sua Alteza a Princesa Soberana (Inkosi) Theresa Kachindamoto se destaca por realizar um trabalho muito nobre em Dezda, distrito de Malawi, país da África. Com apoio governamental e internacional, ela ajuda a libertar meninas de casamentos infantis, uma infeliz tradição em algumas regiões da África.
É uma triste realidade estatística: mais da metade das mulheres em Malawi acabam se casando antes dos 18 anos. O fenômeno não é mera tradição cultural. Por ser uma região muito pobre, as famílias que lá habitam veem na união de uma menina com um homem adulto uma oportunidade de diminuir os gastos familiares.
Como chefe local e advogada formada, Theresa usa sua autoridade para reverter essa realidade. Sua Alteza já anulou mais de 1.000 casamentos infantis no país, mesmo enfrentando grandes dificuldades.
Kachindamoto assumiu o poder como chefe tribal do distrito de Dedza em 2003, sucedendo o pai, Kachindamoto VI Justino. Como Inkosi (Princesa Soberana), é sua função atuar como guardiã das tradições de seu povo, mas ela tem autoridade para alterar ou abolir certas práticas culturais. Dessa forma, ela conseguiu convencer 50 sub-chefes locais a abolir os casamentos infantis em 2016, instituindo em seu distrito a idade mínima de 18 anos para uniões civis.
"Quando me dirigi a esta vila vi muitas garotas – com cerca de 12, 13, 14 anos – com dois filhos", declarou ao LifeGate. "Me vi irada, porque elas são muito jovens para ter um bebê. Então disse: não. É demais. Preciso fazer algo. Se o chefe da vila permite a uma menina se casar, eu o desautorizo completamente".
Theresa tem autoridade sobre 551 chefes de vila locais.
No ano de 2015, sua atuação levou o Malawi a aprovar uma lei proibindo o casamento infantil. Todavia, não fossem as políticas públicas postas em prática por Sua Alteza, os casamentos infantis seguiriam em frente devido à força dos costumes e das desfavoráveis circunstâncias sociais e econômicas do Malawi. Outra triste realidade são os rituais que iniciam crianças sexualmente, tradição que também aboliu e que luta contra em seu país.
O trabalho de Kachindamoto já a fez até ser ameaçada de morte, mas Sua Alteza não tem a mínima pretensão de abandonar a causa, e ainda deixa o recado: “Sou chefe até morrer”.
Graças a Sua Alteza, muitas dessas meninas agora podem aproveitar suas infâncias e frequentar a escola. “Se elas forem educadas, podem ser o que quiserem”.
Com informações de LifeGate e Al Jazeera
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